POSSO AJUDAR?


Lendo na revista Veja, de 25 de março de 2009, o artigo “Palavras que ferem, palavras que salvam” do escritor Roberto Pompeu de Toledo me remeti ao costumeiro e ineficaz atendimento no comércio.

Seguem partes das considerações do autor:
“Posso ajudar”? Eis duas palavrinhas que nos soam mais que familiares. Entra-se numa loja e lá vem: “Posso ajudar”?
Está desencadeado um processo durante o qual não mais conseguiremos nos livrar da prestimosa oferta.

Ao entrar numa loja, o ser humano necessita de um tempo de contemplação.

Precisa se acostumar ao novo ambiente, testar a nova luminosidade, respirar com calma o novo ar.

Sobretudo, necessita de solidão para, por meio de um diálogo consigo mesmo, distinguir entre os objetos expostos aquele que mais de perto fala à sua necessidade, ao seu gosto ou ao seu desejo.

A turma do “posso ajudar” não deixa. Mesmo que se diga “Não obrigado, primeiro quero examinar o que há na loja”, ela só aparentemente entregará os pontos. Ficará por perto, olhando de esguelha, como policial desconfiado.

Ainda se fossem outras palavrinhas – “Posso servi-lo”? “Precisa de alguma informação?”.

Não o escolhido é “posso ajudar”, traduzido direto do jargão dos atendentes americanos.

A má tradução das expressões comerciais americanas já cometeu uma devastação no idioma ao propagar o doentio surto de gerúndios.

Pode haver algo mais irritante do que o posso ajudar?”

Concluo, portanto, que a abordagem deve ser mais elaborada e cautelosa, palavras decoradas que não despertam no cliente interesse pelo produto devem ser evitadas e substituídas, para que a comunicação e a venda sejam eficazes.

Fonte: Revista Veja, 25 de março de 2009
Foto: http://www.tittaguiar.com.br/

Comentários

Luciana Leal disse…
Perfeito o post!!!
Hoje mesmo fui ao shopping e após o "posso ajudar" a vendedora ficou me seguindo como um pastor alemão atrás do bife!!!
Eu gosto de ter minha privacidade para olhar as coisas!
Luiza Miranda disse…
Oi minha linda,
Fico feliz por ter gostado e acho um horror como as pessoas nos atendem, sem a menor sensibilidade e conhecimento.
A maioria carece de um bom treinamento, pena que muitos empresários ainda não acordaram para isto, pensam que é jogar dinheiro fora, não enxergam o investimento, ehehehe.
Um abraço,
Luiza
Anônimo disse…
Oi Luiza,
Muito oportuna sua observação quanto ao "posso ajudar". Atualmente moro nos USA e aqui as pessoas dão um pouco mais de ar pra você respirar, sempre perguntam se está tudo bem, e somem te dando tempo pra você "se acostumar com a luz". No Brasil, eu deixo de entrar em algumas lojas em que até poderia comprar alguma coisa só de imaginar que vai ter um "pastor alemão" como disse nossa amiga Luciana, e que eu vou ser o bife, nesse caso. Além de falta de treinamento, creio que há falta de bom senso.
Amo seu blog e seu jeito fácil de escrever e nos fazer entender!
Beijos e sucesso, sempre

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