Silvio Luz Ferraz cria obras de madeira sustentável baseadas no woodturning artístico americano


O artista Silvio Luz Ferraz e suas inéditas obras de arte. 

As originais obras de arte de madeira idealizadas pelo engenheiro civil, Silvio Luz Ferraz, remetem a um laborioso processo de criatividade, assim como possuem grande significado quanto à sustentabilidade. O artista plástico se considera encantado pelo trabalho com madeiras, especialmente as torneadas à mão, com técnicas do woodturning artístico americano, que evoluiu dentro do conceito da New Bauhaus. 

A técnica foi idealizada em Chicago, onde James Prestini, Bob Stocksdale, Melvin Lindquist, Rude Osolnik e Ed Moulthrop retrataram a transformação da madeira em arte. James Prestini estabeleceu um padrão de excelência em woodturning, sendo que ao apresentar seu trabalho em exposição no Museu de Arte Moderna em 1949, instituiu a validade da tigela de madeira como um objeto de arte.

As peças únicas, de variadas forma e design, são elaboradas com madeira de poda ou de demolição, especialmente as “estragadas” pelo tempo ou cupins. As obras compreendem magníficos bowls totalmente ocos, potes, tigelas, gotas, caixas, urnas, esferas, garrafas, ânforas, taças, peças de xadrez gigantes, cubas, relógios, pratos, fruteiras, gamelas, esculturas, mesas, mesas de centro, aparadores e outros objetos. 

Silvio Luz Ferraz, que participou em 2020, de uma feira de decoração, no Pavilhão Pro Magno Centro de Eventos, em São Paulo, salientou:

“Fui ao Canadá em 2014, para pescar em Vancouver e, posteriormente, fiquei uma semana em Chicago, a fim de conhecer a arquitetura e a história da reconstrução da cidade, que pegou fogo duas vezes no final do século XIX, visto que as construções eram de madeira, baseadas na arquitetura Vitoriana. Nesse contexto está inserido o arquiteto Frank Lloyd Wright, e a casa original que construiu para esposa, no final do século XIX, fez parte das minhas visitações”.

“A administração pública de Chicago, resolveu reconstruir a cidade de forma verticalizada, com tecnologia nova, mas existiam vários problemas técnicos, que foram solucionados na época. Como engenheiro, perceber in loco esse processo, era música para os ouvidos. Construí prédios como, por exemplo, o Life Center, e os recursos com os quais trabalhamos atualmente, são pautados naquela época.”

“Voltei de Chicago, comprei meu sítio em Lagoa Santa e comecei a trabalhar com madeira. Pesquisando sobre o acabamento em resina epóxi, descobri uns bowls de uma família americana, que fazia este produto há três gerações e achei muito interessante. Porém, no Brasil o torno de madeira virou uma peça em extinção, mas consegui comprar uma carcaça, da década de sessenta. Incrementei a máquina adicionando motor e consegui também algumas ferramentas. No dia 07 de setembro de 2016, comecei a fazer minhas primeiras peças e, no período de quatro anos, produzi trezentos e vinte peças.”

“Posteriormente, o grande escritor, poeta, jornalista e crítico de arte Rogério Zola Santiago, admirou minhas peças e publicou uma reportagem sobre minhas criações na revista Exclusive, em dezembro de 2016.”

“Uma peça pode demorar até sete meses para ficar pronta e, por exemplo, se utilizar um ipê verde que caiu, levo para o meu sítio, guardo em um saco de papel com serragem bem sequinha, espero uns 120 dias para amadurecer, a fim de não trincar ou empenar. É um processo que requer a escolha da madeira, instalação do equipamento, ferramentas, fixação e acabamento bem feitos, assim como imunização da madeira. O trabalho deve ser feito com segurança, porque algumas madeiras estragadas soltam lascas e podem provocar acidentes. Além disso, precisamos até mesmo saber como fotografar as obras.”

“Basicamente, utilizo junto com a madeira, suportes de aço e a resina epóxi para preencher as fissuras e estabilizar a peça, proporcionando estruturação ao girar no torno. E também fica muito bonito preencher buracos ou trinca com epóxi colorida. Raramente compro uma madeira, pois ganho algumas, utilizo de poda, de demolição, dormentes e outros. Os formatos dos lenhos muitas vezes nos indicam o caminho para a criação e, dessa forma, são transformados em peças inéditas”, finalizou Silvio Luz Ferraz.  
 
Por Luiza Miranda - Escritora e colunista

















Conheça mais sobre as obras de Silvio Luz Ferraz:

Instagram: @silvioluzferraz

Fotos: Renato Ferraz e Silvio Ferraz

 

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